[A inspiração me veio inteira a partir da foto]
Tem dias que eu estou em paz,
que sei que nada de ruim pode me acontecer.
Tem dias, porém, que perco a calma,
perco o chão
e um pedaço d'alma.
Dias em que estou cansada demais
para fortalecer minhas defesas.
Os muros se rebaixam
e então você vem.
Assombra-me com seu sorriso,
seduz-me com suas palavras vazias.
E eu, enfeitiçada, deixo-me levar...
Enveneno-me em doses homeopáticas
de uma mistura de saudade,
dor, lágrimas,
talvez um pouco de amor junto.
Tudo fica escuro à minha volta,
mas mesmo assim eu lhe enxergo.
Você estende a mão para mim
e eu deixo que me toque.
Seu tato frio queima a minha pele,
sinto a dor se espalhando pelo meu corpo
e sorrio.
"Senti sua falta", você sussurra.
Uma lágrima risca seu rosto?
"Eu aprendi a viver sem você", respondo.
Seu rosto se retorce numa careta de tristeza.
Seus dedos viram garras,
você adquire presas,
vira um gigante de fumaça.
Rodeia-me,
acua-me,
mas não me sinto insegura,
apenas triste.
"Você sente saudade de mim"
"Às vezes"
"Pensa em mim com carinho"
"E com medo de lhe chamar"
"Confesse que ainda me ama"
"Eu estaria mentindo"
"Você sabe que está mentindo agora!"
"Eu amo você onde está agora: longe de mim"
Você ruge,
até consegue me assustar um pouco,
e não olho diretamente para você.
"Eu sei que você ainda me quer"
"Longe de mim"
"Perto, bem perto"
"Não"
"Perto o bastante para sentir minha respiração em seu pescoço"
"Pare"
"Ainda se lembra do gosto dos meus beijos?"
"Pare de falar"
"Ah, você lembra... Sente falta?""Não"
"Mentirosa! Você ainda me ama!"
"Cale a boca"
"Você não consegue me afastar completamente"
"Claro que sim""Você sente falta das nossas risadas"
Foi então que eu percebi
que você era vários,
mas um se sobressaía
entre os outros monstros.
"Volte para mim"
"Para suas mentiras?"
"Para os meus braços"
"Braços frios, palavras vazias, coração de ferro"
Isso lhe enfurece.
"Eu amo você"
"Nunca amou"
"Como pode provar?"
"Você me abandonou"
Silêncio...
"Você também me deixou"
"É claro. Por que eu iria querer alguém vazio?"
"Preencha-me"
"Não posso mais. Estamos separados para sempre"
Aos poucos você começou a dissipar.
Voltou ao tamanho normal,
à forma humana.
Tocou meu rosto delicadamente
e eu não recuei.
Encostou a tenta na minha e
fechou os olhos.
"Eu quero você só para mim"
Seus lábios roçaram os meus.
"Você não existe mais para mim. Não no mundo real"
"E nos sonhos?"
"Eu irei acordar em breve"
"Posso lhe beijar?"
"Não irei sentir nada"
"Sim ou não?"
"Vá embora"
Consegui abrir os olhos.
Estava claro de novo.
Você (s) havia (m) desaparecido.
Por quanto tempo até o próximo encontro?
Saio de casa com receio de
encontrar seus olhos,
seus sorrisos,
nossos passados.
Não sinto raiva,
nem tristeza,
nem é mais amor.
Fiquei com um buraco
onde cada um de vocês existiam.
Vocês, meus próprios,
pesadelos.
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Muito foda, nem acredito que é isso que você fica fazendo nas aulas enquanto eu jogo Tetris :O Tá de parabéns!
ResponderExcluirÓtimo texto! É difícil achar palavras para descrever.
ResponderExcluir"Foi então que eu percebi
ResponderExcluirque você era vários"
E, mais uma vez, você consegue escrever um texto que eu realmente me identifico! Cara, Isa, não tem como não amar os seus textos! São muito reais e, ao mesmo tempo, tão espirituais, íntimos. Eles conversam comigo e me dizem tanta coisa... Você é grande, Isa. Obrigado por essas maravilhas!
Twin, ficou muito lindo!
ResponderExcluirA parte do rugido, consegui imaginar um eco profundo.
Ah, os pesadelos do passado né?
Preencha-me. Só um vazio. Lindo Twin, lindo.
Se cuida
http://ondevaoasnuvens.blogspot.com
Dora, que saudade dos teus textos!
ResponderExcluirPeço um milhão de desculpas por sumir por tanto tempo, mas estou em ano de vestibular, então tudo é uma correria infindável.
Gostaria de dizer que esse post ficou extremamente perfeito, e me disse muito também.
Até breve,
Ellen.
http://pontadeimpacto.blogspot.com.br/