Streets of Life

Pelos caminhos tortuosos da vida, ela saiu para dirigir...




Estava dirigindo sem rumo há algum tempo. Não sabia onde estava, só continuava seguindo em frente, prestando atenção apenas nos sinais de trânsito, nos barulhos, buzinas e confusão do tráfego. A mente trabalhava em pensamentos diversos, alguns relacionados entre si, outros sem a menor coesão.

Devia estar longe de casa. Ou melhor, estava, de fato. O desejo de sair foi maior, e a única coisa que pegou foi a bolsa com dinheiro e documentos. Deixou o resto para trás, voltaria logo.

Precisava de um tempo a sós, ela e sua alma, mente e coração. Muitas coisas haviam acontecido em um período tão curto de tempo, deixando-a confusa, aflita e encurralada por vários fantasmas que insistiam em voltar para assombrá-la.

O semáforo ficou vermelho. Obrigada a parar olhou à sua volta. Estava sozinha, tanto naquela rua quando na vida. De vez em quando era assim que se sentia, parada em um cruzamento qualquer, sem saber qual rumo tomar. Continuava vagando pelas ruas, avenidas e becos abandonados. Mas esses caminhos não se referem à cidade, e sim à vida dela. Perdera a conta de todas as vezes que parou, ficando sozinha e com vontade de fazer o retorno e tentar recomeçar. Esse era mais um desses momentos.

Olhando pelo retrovisor a avenida estava deserta. À frente apenas mais asfalto e o infinito do horizonte. Sem paciência ultrapassou o sinal vermelho e acelerou. Queria deixar aquela solidão a todo custo, já não agüentava mais discutir com o reflexo do espelho, mandar a voz da consciência à merda, e dormir chorando no escuro. Queria ser descoberta, sentir-se querida.

Fez alguns desvios, virou em ruas antes despercebidas e voltou em uma que conhecia há anos. Estava diferente de antes: mais arrumada, espaçosa, e lhe dava aquela sensação gostosa de nostalgia. Parou em uma esquina e se deixou levar pelas lembranças. Ah, que saudade que sentiu daquele lugar. Deu um leve sorriso enquanto pensava nos sorrisos, beijos e acontecimentos que a ruela presenciara.

Porém, por mais difícil que fosse, precisou engatar a segunda marcha e continuar seguindo. Apenas desejou que aquela rua ficasse preservada, cuidando do futuro próprio.

Aos poucos o movimento voltou a surgir. Começou a se sentir mais tranquila, em paz e feliz por ter abandonado aquela rua sem saída, como tantas outras que já visitara.

O semáforo ligou a luz amarela e precisou diminuir a velocidade. Pôde prestar atenção a onde se encontrava. Pessoas novas, coisas as conhecer e lugares a explorar.

Receando no princípio, desejou mais uma vez voltar para a rotina de sempre. Mas, se assim o fizesse, por mais quanto tempo iria fugir?

Então o medo sumiu, sentia-se à vontade, e até riu dentro do carro apertado. Aquela era a oportunidade que estava esperando por tanto tempo. Tudo iria dar certo, só dependia dela.

Cruzando os dedos, esperou o sinal abrir para seguir em frente, como antes.

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7 diamonds:

  1. I really, really love it.
    Mas eu jurava que ia acontecer alguma tragédia.. cruzes. Eu fui lendo e ficando ja naquela angústia do tipo "nao bate o carro, nao bate o carro"
    But.. I really love deserts streets. sz

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  2. Gosto muito dessas suas analogias! Foda!

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  3. 'Queria ser descoberta, sentir-se querida.'

    Posso dizer que eu te descobri e vc já é taaaaão querida por mim! sz

    Só te digo uma coisa: eu não faço amigos a toa! :D

    Dentro das minhas limitações e se vc me permitir entrar na sua vida,
    vou te preservar cmg pra sempre, sobrinha!*-*

    Eu adoray a visão otimista do texto. ;D

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  4. Que lindo Twin<3
    Muito bem escrito, comecei a pensar nuns cruzamentos da minha vida também!<3
    Se cuida viu!
    http://ondevaoasnuvens.blogspot.com

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  5. Jean: 1º comentário *-* muito obrigada nii!!!

    Kaah: hauhauah que horror, eu não ia matar a mocinha poxa :x i love desert streets ;D obrigada pelo comentário Nana *-*

    Torres: ah, muito obrigada! Também gosto muito do jogo de palavras que você utiliza nos seus textos.

    Faby: oooown *---* que linda! Muito obrigada Faby! Também já te considero muito, cúmplice ;D

    Mari Twin: *-* obrigada mesmo! Sim, fez pensar né? ;x Se cuide twin! <3

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  6. Adorei o texto...
    ah, vc já sabe o que eu acho do que você escreve
    muito bom, gosto quando você escreve assim fazendo reflexões, mesmo quando parece que não é você
    e sabe, dá muito o que pensar??
    seus textos são cativantes...
    esse eu li em primeira mão hein??
    mas cada nova leitura é uma nova experiência ;D

    Beijos
    =*

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