Unknown victim

[esse foi realmente um pesadelo que eu tive, só inventei as falas. Não estou 100% satisfeita com a narrativa, mas não encontrei outra maneira de escrevê-lo. Enfim, espero que gostem e que não tenha ficado confuso.]



 A guerra estava acontecendo à minha volta enquanto eu apenas observava. A floresta estava cinza, coberta de uma fina neve suja que caía do céu que bombardeava tudo com seus aviões. Eu ouvia gritos agonizantes por ajuda, pessoas morrendo, homens correndo entre árvores secas procurando mais algum corpo para abater. Não sabia por que eu estava ali, qual era meu papel naquele pesadelo. E então eu o vi andando sozinho, assustado, olhando para trás para ter certeza de que não estava sendo seguido.

Seria aquele soldado um mocinho ou um vilão? Não tinha como eu saber. Minha visão começou a ficar embaçada, fui ficando confusa. E mesmo assim eu ainda o enxergava se esgueirando entre valetas e buracos. Tentei segui-lo, mas meu espírito estava suspenso e eu não conseguia me mover.

E então eu estava no chão. De repente tive pernas e pude ir atrás dele, descobrir do que ele estava fugindo. Mas quando o alcancei, algo estranho aconteceu... Eu me tornei o soldado, pude entrar na mente dele. Ao mesmo tempo em que eu via imagens estranhas de sua cabeça, eu o vi sentado na encosta de um pequeno barranco coberto de folhas secas, neve e cinzas.

Ele estava chorando. Cobria os olhos e de um lado de sua testa o sangue escorria. E ele começou a falar, como se soubesse que eu estava ali o vendo e ouvindo:

-Por que elas estavam aqui? Por que Deus? Eram apenas crianças... Crianças não devem entrar numa guerra de adultos nojentos. Ceus, quem as colocou aqui?!

Imagens de pequenos soldados apareceram à minha frente. Eram da mente dele, e eu pude ver claramente pelo menos seis crianças com armas praticamente do mesmo tamanho. Seus olhos estavam assustados, medrosos.

-Eu não queria que aquilo tivesse acontecido. Mas tive que seguir a ordem. Que outra saída eu teria? Se não fosse eu, outro homem iria fazer o trabalho de modo mais cruel. Só fiz o que tinha que ser feito...

A cena mudou, e vi as mesmas crianças encolhidas no chão, algumas estavam abraçadas e outras apenas seguravam as mãos. “Vai ficar tudo bem, esse pesadelo vai acabar”, foi o que quis dizer. Mas minha voz não iria sair. Não era eu naquela cena. Era o soldado.

Depois disso, só me lembro de ter visto o cano da arma apontando para as crianças e os tiros foram disparados. Só que as batidas do coração dele eram tão altas que me pareceu que os tiros foram mudos.

O soldado continuava chorando sozinho. Eu não conseguia ver seu rosto, apenas a roupa suja de sangue e a neve grudando nela. O arrependimento descia em forma de lágrimas, e ainda assim sua voz era firme quando ele recomeçou a falar:

-Eu quero ir embora daqui. Quero vê-la de novo antes de morrer.

Foi quando a vi. Não inteiramente, seu rosto era fumaça na minha mente. Mas seus olhos eram verdes como um diamante raro, e sua boca era fina e rosada, repuxada num sorriso inocente. Era linda. Parecia um anjo.

-Preciso vê-la de novo... Mas estou cansado. Estou com dor. Será que ela vai me perdoar se eu for embora sem me despedir? E você Deus, irá me perdoar pelo crime que eu cometi? Eu também fui a vítima nessa guerra.

Ele então deu um sorriso fraco e sussurrou:

-Eu só quero morrer.

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2 diamonds:

  1. Que triste Twin =/
    Mas me pareceu bastante com a maneira que imaginei quando você me contou os sonho, ficou muito bonito e seria digno até de virar filme
    Muitos beijos =3

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  2. É, muitas vezes o que desejamos é sumir, para sempre. Mas a pior sensação é quando queremos morrer e poder ver o que os outros supostamente falariam. Como sempre, um ótimo texto! E não se engane, a narrativa ficou ótima! Sempre escrevendo com excelência, né, Dora? Beijinhos! :D

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