Tento dormir enquanto meu cérebro grita em meus ouvidos...
-Do que você sente ciúme?
Estavam na cozinha. Ele fazia café e ela comendo torradas. Ficou mastigando lentamente enquanto pensava, para então responder:
-Sei lá, acho de nada.
-Impossível. Todo mundo tem ciúme de alguma coisa.
-Então eu sinto ciúme das minhas coisas materiais.
-Você é engraçado. Diz que não sente, mas odeia quando mexem no que é seu.
-Lógico. Gastei dinheiro com tudo aquilo!
Tomou um gole de café quente e, pegando uma torrada, ele perguntou de novo:
-Sente ciúme de alguém?
Ela o olhou com uma sobrancelha erguida.
-Como sentir isso por algo que não me pertence?
-O que quer dizer?
-Ora, é simples. Meus livros são meus porque tem meu nome escrito neles. Mas as pessoas são livres, não têm dono.
-Faz sentido. E de mim, você sente?
-Não gosto de ser dona de ninguém. A pessoa que deve decidir se quer ficar ou não. Por isso eu não sinto ciúme.
-Você não me respondeu.
-O que você deixará serão marcas, que dependem do tempo que você permanecerá. Se for pouco tempo, serão fracas. Um tempo médio, deixará alguns arranhões. E se o tempo for grande vai machucar.
-Como assim “machucar”?
-Eu disse que não sinto ciúme, mas não quer dizer que ele não exista em mim. O que eu consegui foi aprisionar esse monstrinho.
-Estou ficando confuso com tudo isso.
-Vou tentar explicar melhor: se você ficar por pouco tempo, o monstro não vai nem se mexer. Se for mais tempo, ele vai se agitar, querer sair, e vai arranhar a gaiola. Agora, se você permanecer, o monstro vai fazer de tudo para se soltar, e eu vou ter que fazer força para mantê-lo preso. Por isso vai machucar. Entendeu?
Ficaram em silêncio por alguns instantes. Ela tomando café com leite, ele pensando em tudo que haviam conversado. Quebrando outra torrada em pequenos pedaços, perguntou:
-Deixa eu ver se entendi tudo: você sente ciúme das pessoas, só que não demonstra. É isso?
-Sim. Faço isso para proteger a mim e a outra pessoa.
-Então, para você, o ciúme é uma coisa ruim?
-Claro que é. Ciúme é o veneno do amor. À medida que o amor cresce, o ciúme também fica maior. E muitas vezes vence o amor. Por isso eu prendo o ciúme, deixe que ele me arranhe, brigue comigo, tente sair à força de dentro de mim. Prefiro ser machucada sozinha e proteger o outro.
-Não posso ficar por muito tempo então?
-Isso é você quem vai decidir.
-Mas você não vai se machucar?
-Existem coisas que valem a dor.
Ele sorriu. Ela continuou tomando café.
-Do que você sente ciúme?
Estavam na cozinha. Ele fazia café e ela comendo torradas. Ficou mastigando lentamente enquanto pensava, para então responder:
-Sei lá, acho de nada.
-Impossível. Todo mundo tem ciúme de alguma coisa.
-Então eu sinto ciúme das minhas coisas materiais.
-Você é engraçado. Diz que não sente, mas odeia quando mexem no que é seu.
-Lógico. Gastei dinheiro com tudo aquilo!
Tomou um gole de café quente e, pegando uma torrada, ele perguntou de novo:
-Sente ciúme de alguém?
Ela o olhou com uma sobrancelha erguida.
-Como sentir isso por algo que não me pertence?
-O que quer dizer?
-Ora, é simples. Meus livros são meus porque tem meu nome escrito neles. Mas as pessoas são livres, não têm dono.
-Faz sentido. E de mim, você sente?
-Não gosto de ser dona de ninguém. A pessoa que deve decidir se quer ficar ou não. Por isso eu não sinto ciúme.
-Você não me respondeu.
-O que você deixará serão marcas, que dependem do tempo que você permanecerá. Se for pouco tempo, serão fracas. Um tempo médio, deixará alguns arranhões. E se o tempo for grande vai machucar.
-Como assim “machucar”?
-Eu disse que não sinto ciúme, mas não quer dizer que ele não exista em mim. O que eu consegui foi aprisionar esse monstrinho.
-Estou ficando confuso com tudo isso.
-Vou tentar explicar melhor: se você ficar por pouco tempo, o monstro não vai nem se mexer. Se for mais tempo, ele vai se agitar, querer sair, e vai arranhar a gaiola. Agora, se você permanecer, o monstro vai fazer de tudo para se soltar, e eu vou ter que fazer força para mantê-lo preso. Por isso vai machucar. Entendeu?
Ficaram em silêncio por alguns instantes. Ela tomando café com leite, ele pensando em tudo que haviam conversado. Quebrando outra torrada em pequenos pedaços, perguntou:
-Deixa eu ver se entendi tudo: você sente ciúme das pessoas, só que não demonstra. É isso?
-Sim. Faço isso para proteger a mim e a outra pessoa.
-Então, para você, o ciúme é uma coisa ruim?
-Claro que é. Ciúme é o veneno do amor. À medida que o amor cresce, o ciúme também fica maior. E muitas vezes vence o amor. Por isso eu prendo o ciúme, deixe que ele me arranhe, brigue comigo, tente sair à força de dentro de mim. Prefiro ser machucada sozinha e proteger o outro.
-Não posso ficar por muito tempo então?
-Isso é você quem vai decidir.
-Mas você não vai se machucar?
-Existem coisas que valem a dor.
Ele sorriu. Ela continuou tomando café.
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amo seus textos nee *-*
ResponderExcluircontinue escrevendo /o/
<3
Muito lindo Twin<3
ResponderExcluirAi então... o ciumes...
eu sinto a mesma maneira<3
Aquele "monstrinho verde no ombro direito" pequenininho mais pesa mais que uns tijolos...
Saudades Twin <3
http://ondevaoasnuvens.blogspot.com
Sim, o monstrinho que fica cochichando coisas ruins... I hate him xD
ResponderExcluirSaudades também Twin!! ;D
Eu fiquei com fome e morrendo de vontade de tomar café! rsrs
ResponderExcluirGostei das analogias!
bjs
Estou devendo um comentário não??
ResponderExcluirtexto bastante reflexivo
nos faz pensar, acho q todos temos um monstrinho dentro de nós
e as vezes realmente nao tem jeito, ele quer tomar o controle...
esse texto eu li em primeira mão hein??
direto do forno
Beijos
Torres: haha pois é, fiz isso uma aula antes do intervalo... deu pra entender né? xD Obrigada!!
ResponderExcluirPedro: é, foi o primeiro que leu e o ultimo a comentar... tsc tsc tsc
haha eu ri do "direto do forno" *-* pois é, foi em 1º mão mesmo
Obrigada por comentarem!!!
;*
Adorei!
ResponderExcluirSua criatividade é incrível ;-;
Nunca pare de escrever, eim!
;*
Eu te entendo.. mai, o negóci é matá os monstro dentro di nóis!
ResponderExcluirÉ nóis, mano, tocaí mermão o/
nossa, incrível! amei o texto, como sempre hihi *-*
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