Ovelha negra


Olhou ao redor e percebeu que estava só, como várias vezes aconteceram. Presa em seu próprio mundo, a garota olhou por trás das grades e suspirou, repetindo o pensamento diário que faz sempre que acorda:

-Quanto tempo vai demorar?

E a resposta foi a mesma: o silêncio.

Às vezes a garotinha acha que nunca sairá deste lugar, que ficaria presa àquelas correntes pela eternidade. E hoje é um desses dias que a esperança se esvaía de sua alma e todo tipo de pensamento negativo a preenchia. Várias vezes o pessimismo era seu melhor amigo.

Poucas foram as ocasiões em que o otimismo a visitava na pequena prisão. Mas ia embora tão rápido que se tornava impossível saborear a sensação plena que ele trazia.

Secou as lágrimas, sentindo a ardência normal ao redor dos olhos marcados pela insônia e pelo choro repetitivo que a aflige todas as noites. Chorar é o modo mais fácil para se dormir rapidamente. Mas logo que o sono a atingia os pesadelos a assombravam, e já se acostumara acordar de madrugada soltando um grito de horror.

-Quero sair daqui... – murmurou em meio às novas lágrimas frias que escorreram pelo seu rosto pálido e magro.

Ela sabe que tem alguém à sua espera do lado de fora. Alguém que tem a chave para libertá-la das correntes e da gaiola que a prendem. Alguém que irá ajudá-la a construir uma vida de verdade.

Porém, esse alguém ainda não consegue alcançá-la definitivamente.

E assim começa mais um dia interminável para a pequena garota, tão singular e ao mesmo tempo tão parecida com várias ovelhas negras que existem pelo mundo. 

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1 diamonds:

  1. Lindo o texto novo Twin.
    Acho que existem muitas ovelhas negras pelo mundo, o problema é que estamos muito distantes umas das outras.
    Mas no final das contas se olharmos bem uns para os outros, talvez pudessemos notar várias cores sutis por trás do branco. Seriamos uma comunidade de ovelhas coloridas (risos).
    Essa prisão, essa cadeia. Até quando, não é mesmo?
    Um beijão Twin <3
    http://ondevaoasnuvens.blogspot.com

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